Dividida
em cinco atos, Maconha, o veneno verde
conta a história de Osvaldo, vítima de um golpe que o condenou ao vício. O
texto é atribuído a Iracy Viana. Osvaldo
é casado com Lucia, eles têm dois filhos – Zezinho e Olguinha. O homem trabalha
em uma grande empresa e uma missão, atribuída por seu chefe, desencadeia o seu
drama. Rocha, chefe de Osvaldo, pede-lhe que leve, em mãos, uma grande quantia
em dinheiro à matriz em São Paulo. Osvaldo agradece o convite e argumenta que
sequer conhece a capital paulista, mas o chefe reitera a sua confiança no
funcionário, determinando que, a contragosto, Osvaldo aceite a incumbência. O
embarque é agendado para o dia seguinte. As luzes apagam-se e, ao microfone, um
narrador informa que se passou uma noite. Pela manhã, Rocha acompanha Osvaldo
até o aeroporto.
O
segundo ato inicia-se em uma sala de hotel em São Paulo, Iracema prepara-se
para um golpe que terá como vítima “um tipo bonachão do interior”. Osvaldo
hospeda-se no hotel. Iracema cumprimenta-o, oferece-lhe cigarro, cerca-o. O
homem, ingenuamente, conta-lhe a sua missão e ela aconselha-o a deixar o
dinheiro guardado com a dona do hotel, que possui um cofre para tais necessidades,
conferindo-lhe recibo como comprovante do depósito. O montante é entregue para
a hoteleira e Osvaldo tem um recibo em mãos. Iracema convida-o para irem a uma
boate, oferece-lhe um cigarro, Osvaldo fuma-o por educação, mas reclama do
gosto, que se assemelha a fel. Passam-se duas horas, conforme anuncia o
narrador. Osvaldo aparece confuso, Iracema leva-o para o quarto, embebeda-o. Aproxima-se
o momento do golpe. Ela retira uma pequena quantia em dinheiro da carteira de
Osvaldo, entrega-lhe um novo cigarro e espera que ele durma. Depois, retorna ao
quarto com a pasta de dinheiro e afirma: “Adeus, otário...” O locutor anuncia:
“No dia seguinte, pela manhã”. Bêbado e dominado pela droga, Osvaldo acorda,
tenta recuperar-se, não encontra o recibo. Desesperado, indaga a hoteleira e
ela avisa que a sua “esposa” teria retirado a pasta. Diante do quadro que vê, a
mulher deduz que ele fora vítima de uma quadrilha que opera com entorpecentes.
A mulher ainda entrega-lhe um jornal em que se pode ler: “Maconha... o veneno
verde, a erva do diabo!...”
O
terceiro ato inicia-se em um botequim sórdido. Em cena, estão Maria, Boca Dura
e Pente Fino. Os dois homens bebem e conversam, enquanto aguardam “a erva”, que
lhes será trazida pelo “velho”. Em seguida, aparece Barbadinho (Osvaldo) que
entrega dois cigarros para Boca Dura. Barbadinho toma um copo de cachaça e mostra
a foto dos filhos para Maria, que o aconselha a voltar para a família, mas ele
teme a vergonha. Neste meio tempo, Pente Fino decide que vai aos jornais contar
que um velho maconheiro é o pai do Promotor Público da cidade. Osvaldo implora-lhe
o silêncio, mas Pente Fino insiste e é morto por Osvaldo. Boca Dura lamenta: “E
tudo por causa desta erva do diabo, desde maldito veneno verde!”
O
quarto ato inicia-se na mesma sala do primeiro, mas há novos móveis. No dia do
noivado de Olga e Paulo, José – o Zezinho -, o sisudo Promotor Público da
cidade - recebe os autos de um processo e conta que acusará um desconhecido que
matou um homem por difamar o nome do Promotor. Zezinho argumenta que tentará
condenar o indivíduo viciado, na esperança que, na cadeia, ele abandone o
vício. Há um mistério sobre o nome do homem que todos conhecem como Barbadinho.
No
quinto ato, a cena desenvolve-se no tribunal do júri. O Promotor Público
declara que, apesar dos fatos, julga-se na obrigação de pedir a condenação do
réu, “um infame maconheiro, que talvez já tenha destruído centenas de famílias
com essa maldita erva do Diabo”. Relembra, em continuidade, que um infeliz
perdeu a vida e que, portanto, a justiça deve ser feita e arremata: “Mesmo que
ele fosse meu próprio pai, eu vos suplicaria justiça”. Após a manifestação da
defesa, o juiz indica aos jurados a pergunta que deve ser respondida: “O réu é
ou não culpado?” e suspende a audiência. Barbadinho é declarado inocente e deve
ser posto em liberdade. Zezinho aproxima-se e ordena-lhe que abandone a cidade:
“ (...) não quero mais vê-lo aqui. O senhor me causa nojo!”
Quando
todos saem, Rocha aproxima-se e chama Barbadinho: “_ Osvaldo”, Rocha abraça-o e
diz nunca ter duvidado da honestidade de Osvaldo, ainda que isso tenha custado
o seu próprio emprego. Osvaldo sente-se mal e é socorrido. Rocha afasta-se,
Zezinho aproxima-se. Osvaldo pede-lhe desculpas por ainda estar na cidade, mas
é interrompido pelo rapaz explicando que, em sua profissão, precisa ser duro,
insensível, mesmo contra vontade. Afirma que Barbadinho deveria fazer um
tratamento e complementa: “ (...) mas agora que está livre, poderá voltar
talvez para os braços de seus familiares... deve ter uma família, não?
Filhos...” Osvaldo garante-lhe que gostaria de voltar para a sua família, mas
não pode. Zezinho descobre que está diante do pai, pede-lhe perdão. Lucia,
Olga, Paulo chegam. Osvaldo agradece a Deus que lhe proporciona felicidade na
hora de sua morte.
A peça Maconha, o veneno verde é um dos textos melodramáticos analisados no estudo que resultou no livro Entre lágrimas e risos: as representações do melodrama no teatro mambembe.
A peça Maconha, o veneno verde é um dos textos melodramáticos analisados no estudo que resultou no livro Entre lágrimas e risos: as representações do melodrama no teatro mambembe.