A peça original pertence
a Théodore d’Aubigny, com tradução de Lourival França Pereira. A ação
situa-se em 1941[1],
em uma barreira sanitária que deveria impedir a propagação da febre amarela, na
região do porto de Vandré, onde havia um presídio militar, e da Ilha de Rosez.
Dividida em três atos, a história dos dois sargentos – Roberto e Guilherme -
começa no Conselho de Guerra, acusados de dar passagem a uma mulher miserável e
seus filhos famintos sem exigir-lhe o passe que liberava o seu trânsito, pondo
em risco a saúde da população. Ainda integram a peça: Laura, sobrinha do
carcereiro Valentin; o próprio carcereiro; o Incógnito (cuja identidade somente
será revelada no final da peça); Gustavo, amigo de Guilherme; Valmor, inimigo
de Roberto; a mulher e o filho de Guilherme.
Após o término do
Conselho, os dois sargentos são recolhidos ao cárcere, sob a responsabilidade
de Valentin. Roberto e Guilherme discutem o seu ato humanitário. Incógnito
acompanha a conversa, elogia-os, mas ambos temem a pena capital. Enquanto isso,
no castelo, todos esperam pelo Marechal Conde d’Alta Vila. – chefe das tropas.
Os dois jovens, encarcerados, aguardam a decisão dos membros do Conselho.
Guilherme crê no fuzilamento, mas Incógnito afirma que intercederá junto ao
Marechal. O ajudante Valmor aparece e comunica a sentença – pena de morte para
um dos réus a ser executada no dia seguinte, pela manhã, na esplanada do
castelo. A sorte decidirá o condenado. Jogam-se os dados, Guilherme soma 11
pontos, Roberto atinge 12. Condenado, Guilherme
conta a Roberto que o seu nome é Luiz Derville, capitão, acusado de roubo.
Pede-lhe que, livre, visite a sua família em Rosez e entregue um anel e alguns
documentos. Quando o ajudante chega com o processo, Roberto propõe um acordo.
Valmor libera Guilherme para visitar a sua família, prometendo voltar antes da
execução. Caso Guilherme não retorne, Roberto será morto, bastando que o
ajudante troque os nomes que a sorte escolhera. Guilherme é liberado e segue
com Gustavo para a Ilha, porém, o ajudante tece uma trama, contando com a ajuda
de Gustavo, para que Guilherme não regresse.
O segundo ato abre-se
em uma casa humilde, na Ilha, onde vive a família de Guilherme. Sophia
reconhece-o, abraça-o, o mesmo não acontece com o filho que, apesar disso, declara
o seu amor. Guilherme conta as dificuldades enfrentadas, a mulher recorda o
roubo e a destituição do outrora capitão Dervile. Enquanto conversam, Gustavo traz
uma carta para Sophia, um documento que informa a inocência do marido e a
reconstituição de todas as honras militares. Apesar disso, o homem mantém um
tom de despedida, o que provoca a inquietação de Sophia. Ele, como num delírio,
relembra os seus feitos militares. Diante da preocupação da mulher, Guilherme
informa-lhe que está de partida para uma batalha e que teme o retorno. Gustavo,
porém, conta-lhe o que houve e a mulher tenta impedir a partida do marido.
Gustavo acalma-a, pois, segundo ele, ordens superiores impediam o regresso de
Guilherme para cumprir a pena. O militar desespera-se ao saber que Gustavo e
Valmor fizeram um acordo para matar Roberto. Em nome de sua honra, Guilherme
desembainha a espada, quer matar Gustavo, não admite a covardia. Sai correndo!
No terceiro ato,
retorna-se ao castelo, Roberto e Valentin conversam sobre o noivado e o
posterior casamento do jovem sargento com Laura. Ambos acreditam cegamente no
retorno de Guilherme e especulam sobre o homem que aparecera, no dia anterior,
fazendo questionamento sobre os dois sargentos. Valentin avisa Roberto que
todos sabem, no grupamento, que ele está condenado à morte, conforme
disseminara o ajudante. Valmor aparece para preparar o ato executório, ameaça
Valentin, confirma que o sargento Guilherme não voltará e que Roberto será
morto. Valmor garante-lhe que já havia tomado todas as providências.

A chegada da escolta,
que deve conduzir o prisioneiro, põe frente à frente o Incógnito e o ajudante que
se dirige rispidamente para o homem, mas ele reage, ordena que a execução seja
suspensa e afirma que o ajudante será punido exemplarmente, ainda que o
ajudante relute em entregar a sua espada diante do Marechal Conde D’Alta Vila. O
Marechal declara que Valmor enfrentará o Conselho de Guerra para que seja
punido por sua vileza. Neste momento, chega André, responsável pela embarcação,
com uma carta enviada por Gustavo. O Marechal lê a carta que confirma o plano
traçado pelo ajudante e traz um agravante, pois Gustavo declara: “conserve a
sua palavra de subtrair o generoso Roberto ao castigo que deve sofrer pela
falta de seu amigo”. O Marechal ordena a André que busque Gustavo e Guilherme
na ilha. Laura entra e grita que um homem a nado foi salvo pelos marinheiros,
trata-se de Guilherme que chegava para salvar a vida de Roberto.
[1]
Ainda que o texto disponível mencione o ano de 1941, o texto original data de
1823 e não cita a sequência durante a Segunda Guerra Mundial. Houve, portanto,
uma livre adaptação do ensaiador do Teatro Serelepe.