A
minha tese de doutorado toma, finalmente, a forma de publicação. Aqui, vai uma
palhinha do texto introdutório, em que justifico a escolha do tema: melodrama,
teatro mambembe, Teatro Serelepe.
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Na foto, meu pai, Mario, que me ensinou a amar a arte, ao lado palhaço Marcelo Serelepe (2006) |
Embora recebesse circos
e parques, a cidade parece não ter estabelecido um elo afetivo com eles, os
parques e os circos faziam a praça e iam embora, nem sempre voltavam. Mas, no
início dos anos 1970, já emancipada politicamente, desde 1959, a pequena
cidade, praticamente alheia à ditadura militar, recebeu um teatro itinerante,
montado em chapas de alumínio, com cadeiras e arquibancadas destinadas à
assistência e um palco, modesto, em que eram encenadas as peças, em geral,
adaptações de dramas, melodramas, farsas, canções e filmes consagrados. Nascia,
ali, uma relação de afeto, pautada pela descoberta, pela partilha, pela emoção.
Durante três meses, o Teatro Serelepe ocupou as noites restinguenses e um mundo
novo descortinou-se (senão para todos os habitantes, pelo menos, para uma
menina de sete anos que passou a conviver com termos como “ponto”, “coxia”,
“cenografia”, “sonoplastia” e um mundo mágico, deslumbrante que lhe encantou os
olhos e a alma. O nome da menina? Elaine dos Santos).
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