Entre
lágrimas e risos: as representações do melodrama no teatro itinerante,
o livro que resulta da tese de doutorado da professora Elaine dos Santos,
apresentada no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de
Santa Maria, finalmente, será lançado no final de fevereiro pela Editora
Dialogar Freiriano, de Veranópolis.
O estudo enfoca as artes de um modo
geral, desde o homem do período neolítico que pintava a sua caça nas paredes
das cavernas; abrangendo o teatro, cujos registros remontam ao antigo Egito,
5.000 anos atrás; passando pela Grécia clássica e a contribuição do teatrólogo
Téspis, ao tempo de Ésquilo e Sófocles, que representava as suas peças em cima
de um carroça; inclui o teatro barroco, a “Commedia Dell Arte”, o teatro de
Shakespeare e detém-se no nascimento do circo de cavalinhos na Inglaterra, sob
o comando de Astley, assim como concede espaço para a criação do palhaço, que
surgiu para dar dinamicidade aos intervalos das apresentações dos cavaleiros,
nos velhos palcos circulares.
No Brasil, a autora aborda desde as
primeiras representações teatrais trazidas pelos ciganos, logo depois da
descoberta das novas terras; explora tematicamente a contribuição dos padres
jesuítas e o seu teatro religioso; detém-se no surgimento dos circo-teatros,
com a inserção de apresentações dramáticas para, na sequência, dar ênfase a Nhô
Bastião e sua irmã, Nh’ana, que, em 1929, deram origem à família que, mais
tarde, comporia o Teatro Serelepe, que surgiu, oficialmente, em 1962, na cidade
de Cruz Alta, tendo à frente o palhaço Serelepe, José Maria de Almeida. A dupla
caipira Nhô Bastião e Nh’ana atuou junto durante muitos anos, ao mesmo tempo em
que Nhô Bastião dava vida ao palhaço Fedegoso. Mais tarde, os dois irmãos
separaram-se, nascendo a Politeama Oriente, antecessora do Teatro Serelepe, e o
Teatro Nh’ana, que foi objeto de estudos de Lourival Andrade Jr.
As viagens eram feitas de
caminhão, junto com o circo e seus cenários, ficando apenas a função de alguém
ir na frente para a próxima cidade, organizar a chegada e conseguir os alvarás
necessários para a montagem do circo (...).
Em muitas cidades eram
recebidos por banda de música e autoridades locais, mas na maioria dos casos
eram recebidos com certo receio pela população, principalmente em cidades onde
a praça era nova. Esta desconfiança se dá principalmente pela condição de
nômades destes artistas, confundindo-se, em muitos casos, com os ciganos que
também andavam pelas cidades do interior, por não possuírem endereço fixo e
sempre estarem em movimento alargando suas fronteiras. (ANDRADE JR., 2000,
p.14)
Recuperando a história do Teatro
Serelepe – composto basicamente pela família Almeida, a professora Elaine dos
Santos acresce a história da família Benvenuto:
artistas
que vieram fazer parte da companhia, sendo eles: Luiz Benvenuto, ator, diretor
e ensaiador de teatro; sua esposa Alice de carvalho e seus filhos Luiz Carlos Benvenuto,
Léa Benvenuto, Rafael Benvenuto e nascendo a filha caçula em 1955 em Paranaguá
Ana Maria Benvenuto, hoje integrante da companhia de teatro do Bebé.
O encontro entre
estas duas famílias resultou na união matrimonial entre os filhos José Maria de
Almeida e Léa Benvenuto de Almeida que casaram em Pelotas/RS no ano de 1959,
desta união surgiram seis filhos. Em 1972 na cidade de Faxinal do Soturno/RS,
José Ricardo de Almeida e Ana Benvenuto de Almeida casaram-se e desta união
nasceram nove filhos que hoje fazem parte do elenco do teatro do Bebé (...).
[disponível na página virtual do Teatro do Bebé].
O livro traz do palco para as suas
páginas personagens de peças clássicas do teatro nacional e internacional, mas
reverencia também artistas como José Maria de Almeida, Lea Benvenuto de
Almeida, Maria José Cambruzzi, Ben-hur Benvenuto de Almeida, Marcelo Serelepe,
além de uma velha guarda, que inclui Francisco de Almeida, Antonio Carlos de
Almeida (Tonico), José Renato de Almeida (Bebé), Luiz Carlos Benvenuto, entre
outros, ensejando espaço para a pesquisadora analisar dez melodramas ou
adaptações de filmes e romances que o teatro encenava nos anos 1960, 1970,
1980, quando perdeu espaço para as telenovelas: Ferro em brasa; O carrasco da
escravidão; Deixem-me viver; Sublime perdão; O seu último Natal; Os dois
sargentos; O céu uniu dois corações; Maconha, o veneno verde; Honrarás nossa
mãe e A canção de Bernadete, que encantaram o público que presenciou as suas
apresentações.
O livro será lançado oficialmente em
Cachoeira do Sul e a autora é presença confirmada na Feira do Livro/2019 nas
cidades de Agudo, Paraíso do Sul, Rosário do Sul, Caçapava do Sul e São Sepé.
A foto, que ilustra esta postagem, é de domínio
público.
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