domingo, 17 de fevereiro de 2019

Livro contará a história do Teatro Serelepe e outras histórias de teatro


Entre lágrimas e risos: as representações do melodrama no teatro itinerante, o livro que resulta da tese de doutorado da professora Elaine dos Santos, apresentada no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria, finalmente, será lançado no final de fevereiro pela Editora Dialogar Freiriano, de Veranópolis.

O estudo enfoca as artes de um modo geral, desde o homem do período neolítico que pintava a sua caça nas paredes das cavernas; abrangendo o teatro, cujos registros remontam ao antigo Egito, 5.000 anos atrás; passando pela Grécia clássica e a contribuição do teatrólogo Téspis, ao tempo de Ésquilo e Sófocles, que representava as suas peças em cima de um carroça; inclui o teatro barroco, a “Commedia Dell Arte”, o teatro de Shakespeare e detém-se no nascimento do circo de cavalinhos na Inglaterra, sob o comando de Astley, assim como concede espaço para a criação do palhaço, que surgiu para dar dinamicidade aos intervalos das apresentações dos cavaleiros, nos velhos palcos circulares.

No Brasil, a autora aborda desde as primeiras representações teatrais trazidas pelos ciganos, logo depois da descoberta das novas terras; explora tematicamente a contribuição dos padres jesuítas e o seu teatro religioso; detém-se no surgimento dos circo-teatros, com a inserção de apresentações dramáticas para, na sequência, dar ênfase a Nhô Bastião e sua irmã, Nh’ana, que, em 1929, deram origem à família que, mais tarde, comporia o Teatro Serelepe, que surgiu, oficialmente, em 1962, na cidade de Cruz Alta, tendo à frente o palhaço Serelepe, José Maria de Almeida. A dupla caipira Nhô Bastião e Nh’ana atuou junto durante muitos anos, ao mesmo tempo em que Nhô Bastião dava vida ao palhaço Fedegoso. Mais tarde, os dois irmãos separaram-se, nascendo a Politeama Oriente, antecessora do Teatro Serelepe, e o Teatro Nh’ana, que foi objeto de estudos de Lourival Andrade Jr.

As viagens eram feitas de caminhão, junto com o circo e seus cenários, ficando apenas a função de alguém ir na frente para a próxima cidade, organizar a chegada e conseguir os alvarás necessários para a montagem do circo (...).
Em muitas cidades eram recebidos por banda de música e autoridades locais, mas na maioria dos casos eram recebidos com certo receio pela população, principalmente em cidades onde a praça era nova. Esta desconfiança se dá principalmente pela condição de nômades destes artistas, confundindo-se, em muitos casos, com os ciganos que também andavam pelas cidades do interior, por não possuírem endereço fixo e sempre estarem em movimento alargando suas fronteiras. (ANDRADE JR., 2000, p.14)

Recuperando a história do Teatro Serelepe – composto basicamente pela família Almeida, a professora Elaine dos Santos acresce a história da família Benvenuto:

artistas que vieram fazer parte da companhia, sendo eles: Luiz Benvenuto, ator, diretor e ensaiador de teatro; sua esposa Alice de carvalho e seus filhos Luiz Carlos Benvenuto, Léa Benvenuto, Rafael Benvenuto e nascendo a filha caçula em 1955 em Paranaguá Ana Maria Benvenuto, hoje integrante da companhia de teatro do Bebé.
O encontro entre estas duas famílias resultou na união matrimonial entre os filhos José Maria de Almeida e Léa Benvenuto de Almeida que casaram em Pelotas/RS no ano de 1959, desta união surgiram seis filhos. Em 1972 na cidade de Faxinal do Soturno/RS, José Ricardo de Almeida e Ana Benvenuto de Almeida casaram-se e desta união nasceram nove filhos que hoje fazem parte do elenco do teatro do Bebé (...). [disponível na página virtual do Teatro do Bebé].

O livro traz do palco para as suas páginas personagens de peças clássicas do teatro nacional e internacional, mas reverencia também artistas como José Maria de Almeida, Lea Benvenuto de Almeida, Maria José Cambruzzi, Ben-hur Benvenuto de Almeida, Marcelo Serelepe, além de uma velha guarda, que inclui Francisco de Almeida, Antonio Carlos de Almeida (Tonico), José Renato de Almeida (Bebé), Luiz Carlos Benvenuto, entre outros, ensejando espaço para a pesquisadora analisar dez melodramas ou adaptações de filmes e romances que o teatro encenava nos anos 1960, 1970, 1980, quando perdeu espaço para as telenovelas: Ferro em brasa; O carrasco da escravidão; Deixem-me viver; Sublime perdão; O seu último Natal; Os dois sargentos; O céu uniu dois corações; Maconha, o veneno verde; Honrarás nossa mãe e A canção de Bernadete, que encantaram o público que presenciou as suas apresentações.

O livro será lançado oficialmente em Cachoeira do Sul e a autora é presença confirmada na Feira do Livro/2019 nas cidades de Agudo, Paraíso do Sul, Rosário do Sul, Caçapava do Sul e São Sepé.


A foto, que ilustra esta postagem, é de domínio público.

Nenhum comentário:

Postar um comentário